Equipamentos “Ex” protegidos por encapsulamento para gases inflamáveis e poeiras combustíveis – Tipo de proteção Ex “m”

O tipo de proteção por encapsulamento (Ex “m”) tem como base o princípio da segregação de uma atmosfera explosiva que possa estar presente no local da instalação, na forma de gases inflamáveis ou poeiras combustíveis, de componentes internos dos componentes ou equipamentos “Ex” que possam representar uma fonte de ignição.
O tipo de proteção Ex “m” faz com que as partes que são capazes de provocar ignição de uma atmosfera explosiva, por meio de centelhamento ou aquecimento, sejam totalmente encapsuladas em um composto ou resina ou por meio de um invólucro não metálico, com adesão, de modo a evitar a ignição de uma atmosfera explosiva de gases inflamáveis ou de camada de poeiras combustíveis que possam estar presentes no local da instalação, quando o equipamento Ex “m” estiver sob condições de operação.

Representação do tipo de proteção Ex “m” – Proteção por encapsulamento

Podem ser citados como exemplos de equipamentos industriais para instalação ou utilização em áreas classificadas que utilizam ou incorporam o tipo de proteção por encapsulamento Ex “m”, a qual ~e geralmente combinada com outros tipos de proteção “Ex”: solenoides, instrumentos de detecção, sensores indutivos, capacitivos e magnéticos, drivers para luminárias com lâmpadas LED, instrumentos manuais, lanternas portáteis, placas de circuito impresso e componentes utilizados na fabricação de smartphones ou tablets “Ex”.

Exemplo de instalação de sensor protegido por encapsulamento para detecção de obstrução (embuchamento) em correia transportadora contendo poeiras combustíveis de soja. Marcações Ex ma IIC T4 Ga / Ex ma IIIC T 200 110 ºC Da IP66
Exemplo de instalação de sensor protegido por encapsulamento para detecção de velocidade em correia transportadora contendo poeiras combustíveis de soja. Marcações Ex ma IIC T4 Ga / Ex ma IIIC T 200 110 ºC Da IP66

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Exemplo de instalação de solenoide “Ex” protegida por encapsulamento. Marcações Ex eb mb IIC T6 Gb / Ex tb IIIC T 85 ºC Da IP66
Exemplo de instalação de solenoide “Ex” protegida por encapsulamento. Marcações Ex eb mb IIC T6 Gb / Ex tb IIIC T 85 ºC Da IP66

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dependendo das características de fabricação dos equipamentos com encapsulamento Ex “m” eles podem proporcionar todos os níveis de proteção aplicáveis para instalações em áreas de minas subterrâneas de carvão, áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou áreas classificadas contendo poeiras combustíveis.

  • Nível de proteção “ma” (EPL Ma, Ga ou Da)
  • Nível de proteção “mb” (EPL Mb, Gb ou Db)
  • Nível de proteção “mc” (EPL Gc ou Dc)

Este tipo de “flexibilidade” de níveis de proteção, possibilita que os equipamentos Ex “m” possam ser instalados em todos os tipos de áreas classificadas, dependendo do EPL proporcionado, tornando a sua aplicação muito abrangente.

Foi publicada pela ABNT em 2020, a quarta edição da Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-18: Atmosferas explosivas – Parte 18: Proteção de equipamentos por encapsulamento “m”.

Folha de rosto da Normas Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-18. Tipo de proteção por encapsulamento (Ex “m”)

Esta Parte da Série de Normas Técnicas Brasileiras adotadas ABNT NBR IEC 60079 (Atmosferas explosivas) apresenta requisitos específicos para a construção, ensaios e marcação de equipamentos elétricos, partes de equipamentos elétricos e componentes “Ex” com o tipo de proteção por encapsulamento “m”, com tensão nominal inferior a 11 kV, destinados à utilização em atmosferas explosivas de gases inflamáveis ou de poeiras combustíveis.

De acordo com a Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-18, a especificação do composto de encapsulamento, a ser apresentada pelo fabricante do equipamento Ex “m”, durante o processo de certificação, deve incluir as seguintes informações:

  • O nome e o endereço do fabricante do composto
  • A referência exata e completa do material de encapsulamento e, se aplicável, o porcentual de enchimento e quaisquer outros aditivos, a proporção da mistura e o tipo de designação
  • Tratamento da superfície dos compostos, por exemplo, envernizamento, se aplicável
  • Requisitos de pré-tratamento do componente para obter correta adesão do composto a um componente, por exemplo, por meio de limpeza ou decapagem, se aplicável
  • A rigidez dielétrica, de acordo com os requisitos da Noma IEC 60243-1 (Electrical strength of insulating material – Test methods – Part 1: Tests at power frequencies), na temperatura máxima de serviço do composto, determinada de acordo com o procedimento de ensaio de temperatura máxima, apresentado na Norma ABNT NBR IEC 60079-18, sob operação normal ou condição de falha.
  • A faixa de temperatura dos compostos, incluindo a temperatura máxima de operação contínua (COT – Continuous Operating Temperature) e a temperatura mínima de operação contínua
  • No caso de equipamentos “m”, onde o composto faz parte externa do invólucro, de ser informado o valor do índice de temperatura TI (Temperature Index), como definido na Norma ABNT NBR IEC 60079-0. Como uma alternativa para o TI, o índice relativo térmico (RTI mecânico) pode ser determinado de acordo com a Norma ANSI/UL 746B (Polymeric materials – Long-term property evaluations)
  • A cor do composto utilizado para a amostra de ensaio, onde a especificação do composto possa ser influenciada pela mudança da cor
  • A condutividade térmica, no caso de utilização do método “alternativo” de ensaio indicada na Seção “temperatura do composto” da Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-18. Neste método “alternativo”, a determinação da temperatura do componente mais quente em operação normal pode ser realizada por meio de cálculo, por especificação do fabricante ou por um ensaio do componente sob as condições destinadas de aplicação, antes do encapsulamento do componente, se a condutividade térmica do composto for maior do que a do ar

A temperatura de serviço do composto em equipamentos Ex “m”, deve ser determinada de acordo com os procedimentos de ensaio indicados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-0 (Requisitos gerais para equipamentos “Ex”). Esta temperatura não pode exceder o valor da temperatura máxima de operação contínua (COT – Continuous Operating Temperature) do composto de encapsulamento. A temperatura máxima de superfície dos equipamentos Ex “m” deve ser determinada de acordo com os requisitos indicados na Norma ABNT NBR IEC 60079-0, sob operação normal e sob condições de falha, como especificado na Seção “Determinação de falhas” da Norma ABNT NBR IEC 60079-18. Os equipamentos com tipo de proteção Ex “m” devem ser protegidos de modo que o encapsulamento “m” não seja afetado sob as condições especificadas de falha que possam ocorrer.

Sob o ponto de vista construtivo, quando o composto de encapsulamento formar a parte externa aos invólucros dos equipamentos Ex “m”, o invólucro deve atender os requisitos da Norma ABNT NBR IEC 60079-0 para invólucros não metálicos e partes não metálicas de invólucros. Se a superfície do composto de encapsulamento for total ou parcialmente envolvida por um invólucro e este invólucro fizer parte do tipo de proteção Ex “m”, o invólucro ou partes do invólucro devem estar de acordo com os requisitos para invólucros da Norma ABNT NBR IEC 60079-0.

Se forem requeridas medidas “específicas” de instalação, estas informações devem ser apresentadas pelos fabricantes para os usuários finais dos produtos Ex “m”, de forma a atender os requisitos da Norma Brasileira ABNT NBR IEC 60079-18. Por exemplo, uma proteção mecânica adicional pode ser requerida para proteger o equipamento Ex “m” de um impacto direto. Nestes casos, o número do certificado de conformidade para o equipamento Ex “m” deve incluir o Sufixo “X”, de acordo com os requisitos de marcação da Norma Brasileira ABNT NBR IEC 60079-0, e as condições específicas de instalação a serem incluídas no certificado, devem detalhar as precauções necessárias pelos usuários finais para o atendimento deste requisito “específico” de instalação.

Nos equipamentos Ex “m” alguns componentes podem ser considerados como “infalíveis” ou seja não sujeitos a falhas. Componentes ou arranjo de componentes considerados como não sujeitos a determinados modos de falha, são determinados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-11 (Tipo de proteção por segurança intrínseca Ex “i”).

Para níveis de proteção “ma” e “mb” os seguintes componentes devem ser considerados infalíveis, se eles forem encapsulados de acordo com os requisitos da Norma Brasileira ABNT NBR IEC 60079-18, considerando ainda que eles sejam adequados para a temperatura de serviço e se não forem operados a mais de 2/3 da sua tensão nominal, corrente nominal ou potência nominal relacionadas com os dados nominais do dispositivo, as condições de montagem e a faixa de temperatura especificada:

  • Resistores
  • Bobinas com enrolamentos espiralados com uma única camada de espiras
  • Capacitores com filme plástico
  • Capacitores com filmes de papel
  • Capacitores com filmes cerâmicos
  • Semicondutores
  • Dispositivos semicondutores utilizados como “dispositivos de proteção”, que são especificados na Norma ABNT NBR IEC 60079-18
  • Resistores que sejam utilizados como “dispositivos de proteção”, se estes atenderem aos requisitos de “resistores limitadores de corrente” da Norma Brasileira ABNT NBR IEC 60079-11 (Ex “i”), para os níveis de proteção “ia” ou “ib

Para níveis de proteção “ma” e “mb”, os enrolamentos ou bobinas que forem utilizados na fabricação de equipamentos Ex “m”, que atendam aos requisitos da Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-7 (Proteção por segurança aumentada – Ex “e”), incluindo os enrolamentos fabricados com fios com diâmetros menores do que 0,25 mm, devem ser considerados “infalíveis”, ou seja, “não sujeitos a falhas”, se estes enrolamentos ou bobinas forem encapsulados de acordo com os requisitos da Norma ABNT NBR IEC 60079-18.

A Norma Brasileira ABNT NBR IEC 60079-18 apresenta também as espessuras mínimas requeridas para o composto de encapsulamento com relação às superfícies livres dos equipamentos Ex “m”, com relação a invólucros metálicos e para partes não condutoras de corrente que estejam protegidas dentro do composto de encapsulamento. São definidas na Norma ABNT NBR IEC 60079-18 as espessuras mínimas do composto, dependendo das superfícies livres dos equipamentos Ex “m” e também de o invólucro externo ser metálico ou não metálico. São definidas também na Norma ABNT NBR IEC 60079-18 as distâncias mínimas de separação para placas de circuito impresso multicamadas que sejam protegidas pelo composto de encapsulamento.

Nos casos de equipamentos Ex “m” que incorporam contatos centelhantes de chaveamento, como por exemplo em botoeiras “Ex” contendo contatos para circuitos de comandos ou para circuitos de sinalização remota, estes contatos centelhantes devem possuir um invólucro “adicional”. Nestes casos a Norma ABNT NBR IEC 60079-18 chama a atenção sobre os riscos de indevido ingresso do composto de encapsulamento no interior deste invólucro “adicional”, durante o processo de encapsulamento, o que pode interferir ou prejudicar a operação ou a função dos contatos centelhantes.

Para estes contatos centelhantes ou de chaveamento, os valores nominais de tensão e de corrente devem ser menores ou iguais a 60 V e 6 A, para equipamentos encapsulados com nível de proteção Ex “ma” (EPL Ga/Da). Este invólucro “adicional” deve ser fabricado de material inorgânico nos casos de a corrente de chaveamento exceder 2/3 da corrente nominal especificada pelo fabricante do contato centelhante. Para equipamentos encapsulados com nível de proteção Ex “mb” (EPL Gb/Db), o invólucro adicional deve ser fabricado de material inorgânico, se a corrente de chaveamento exceder 2/3 do valor nominal da corrente especificada pelo fabricante do contato centelhante ou se a corrente exceder o valor de 6 A.

Nos casos de equipamentos Ex “m” que contenham acumuladores ou baterias incorporadas, para o nível de proteção “ma” e “mb”, os circuitos de carga da bateria devem ser totalmente especificados como parte do equipamento Ex “m”. Nestes casos, o sistema de carga das baterias ou acumuladores deve ser projeto de forma que:

  • Com uma condição de falha do sistema de carga da bateria, a tensão e a corrente de carregamento não possam exceder os limites especificados pelo fabricante da bateria; ou
  • Se, durante o processo de carga dos acumuladores ou baterias, for possível que sejam excedidos os valores limites para a tensão do acumulador ou a corrente de carga especificados pelo fabricante, um dispositivo de proteção de segurança separado (como por exemplo um fusível ou um termostato) deve ser incluído no equipamento Ex “m”, de forma a minimizar a possibilidade de liberação de gás inflamável pelo equipamento Ex “m” e também de forma que não sejam excedidos os valores máximos de temperatura do acumulador informados pelo fabricante durante o processo de carga.

Com relação aos ensaios pelos quais os equipamentos Ex “m” devem ser submetidos no processo de certificação, são especificados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-18 os seguintes ensaios de tipo (ensaios laboratoriais realizados em protótipos) e de rotina (ensaios realizados nos produtos da linha de fabricação):

Ensaios de TIPO para equipamentos Ex “m”:

  • Ensaios do composto de encapsulamento: absorção de água e rigidez dielétrica
  • Ensaios dos equipamentos: Temperatura máxima, resistência térmica ao calor e ao frio, rigidez dielétrica, tração nos cabos, ensaios de pressão, ensaio de dispositivos de proteção térmica com rearme, dispositivos de proteção incorporados,

Ensaios de ROTINA para equipamentos Ex “m”:

  • Inspeções visuais para verificação de ausências de trincas, danos nos invólucros, exposição de partes encapsuladas, descamação, retração, inchaço, decomposição, falta de adesão ou amolecimento
  • Rigidez dielétrica

Os terminais de equipamentos protegidos por encapsulamento (Ex “m”) frequentemente são individualmente protegidos pelo tipo de proteção Ex “e” (segurança aumentada), fazendo com que os equipamentos protegidos por encapsulamento possuam uma combinação de tipos de proteção aplicados pelos fabricantes aos respectivos produtos, como por exemplo Ex eb mb IIC T6 Gb.

Dentre os benefícios proporcionados pela aplicação de equipamentos encapsulados em resina (Ex “m”), incorporando ou não a combinação de proteção com bornes terminais em segurança aumentada (Ex “e”), podem ser citados os seguintes:

  • O mesmo equipamento protegido por encapsulamento (Ex “m”) normalmente satisfaz tanto os requisitos para gases inflamáveis (EPL Ga, Gb ou Gc) como para poeiras combustíveis (EPL Da, Db ou Dc)
  • A aplicação criteriosa dos três níveis de proteção por encapsulamento (ma, mb e mc) assegura que sejam utilizados equipamentos Ex “m” adequados para cada nível de risco. Normalmente equipamentos “ma” são aplicados em Zona 0, Zona 1, Zona 2, Zona 20, Zona 21 ou Zona 22, equipamentos “mb” são aplicados em Zona 1, Zona 2, Zona 21 ou Zona 22 e equipamentos “mc” são aplicados em Zona 2 ou Zona 22
  • Equipamentos encapsulados Ex “m” são normalmente certificados para áreas classificadas do Grupo IIC e Grupo IIIC, o que assegura que estes equipamentos possam ser também instalados em todos os tipos áreas classificadas contendo gases inflamáveis (Grupos IIA, IIB e IIC) ou poeiras combustíveis (Grupos IIIA, IIIB e IIIC), assegurando o benefício da padronização de equipamentos Ex “m” em todos os tipos de classificação de áreas
  • O tipo de proteção Ex “m” proporciona também, quando comparado com outros tipos de proteção “Ex”, maiores facilidades de serviços de montagem, inspeção e manutenção em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis, durante o período de operação das instalações, permitindo que sejam utilizados procedimentos “convencionais” de montagem e manutenção, sem a necessidade de aplicação de complexos procedimentos de serviços de campo em atmosferas explosivas.

Sob o ponto de vista do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), a serem implantados por parte dos fabricantes de equipamentos e componentes Ex “m”, tendo como base a Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR ISO 9001 (Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos), a Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR ISO/IEC 80079-34 (Atmosferas explosivas – Parte 34: Aplicação de sistemas de gestão da qualidade para a fabricação de produtos “Ex”) apresenta requisitos específicos sobre este tipo de proteção por encapsulamento.

Folha de rosto da Normas Técnica Brasileira adotada ABNT NBR ISO/IEC 80079-34. Atmosferas explosivas – Parte 34: Aplicação de sistemas de gestão da qualidade para a fabricação de produtos “Ex”

De acordo com a Norma ABNT NBR ISO/IEC 80079-34, sob o ponto de vista da documentação para a fabricação de produtos Ex “m”, é recomendado que os dispositivos para proteções térmicas (por exemplo, fusíveis térmicos) sejam posicionados e sejam do tipo especificado de acordo com os desenhos de certificação. Sob o ponto de vista de ensaios e verificações de rotina a serem executados de fabricantes de produtos Ex “m”, é recomendado que todos os ensaios sejam documentados, incluindo os ensaios de verificação visual e de rigidez dielétrica.

De acordo com a Norma ABNT NBR ISO/IEC 80079-34 é também recomendado também que os procedimentos documentados de fabricação dos equipamentos e componentes Ex “m” incluam as seguintes informações e requisitos:

  1. Validade e armazenamento de cimentos, resinas e componentes
  2. Preparação do composto
  3. Preparação da superfície (desengraxe, ou método equivalente é requerido imediatamente antes da operação de encapsulamento para assegurar uma adequada aderência do produto)
  4. Aplicação, por exemplo, de instruções de aplicação, ausência de cavidades (vazios) e condições de temperatura
  5. O processo de cura, incluindo: o período de cura, quaisquer fatores ambientais relevantes, as medidas para assegurar que o produto não seja manipulado durante o período de cura
  6. Após a cura, é recomendado que uma inspeção seja executada em cada conjunto encapsulado. Dependendo da natureza e da repetibilidade do processo de encapsulamento e da montagem encapsulada, esta inspeção pode ser executada, por exemplo, utilizando técnicas estatísticas

Dentre as principais alterações técnicas que foram incorporadas na Edição 2020 da Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-18 (Tipo de proteção Ex ”m”) em relação à edição anterior, podem ser destacadas as seguintes:

  • Foram incluídos requisitos para proteção contra temperaturas e danos inadmissíveis para acumuladores e baterias incorporadas ao equipamentos Ex “m”
  • Foram modificados e incluídos requisitos para acumuladores ou baterias incorporados em produtos Ex “m”
  • Foram especificados os requisitos sobre a proteção contra temperaturas inadmissíveis e danos aos acumuladores ou baterias. Para equipamentos com nível de proteção “ma”, projetados para o EPL “Da”, a temperatura máxima de superfície deve ser determinada com o equipamento montado, de acordo com as instruções do fabricante, e envolto em todas as superfícies disponíveis, por uma camada de poeira com espessura mínima de 200 mm

Foi especificado que a elevação de temperatura durante o ensaio dos equipamentos deve ser um processo bastante lento. A temperatura final deve ser considerada como tendo sido alcançada quando a taxa de elevação da temperatura não exceder 1 K/24 h.

Os profissionais brasileiros participantes da Comissão de Estudo CE 003:031.002 do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas explosivas) da ABNT/CB-003 (Eletricidade), responsáveis pelos trabalhos de elaboração e da contínua atualização desta Norma técnica brasileira adotada, acompanham todos os trabalhos e processos de atualização, comentários, revisão, votação, aprovação e publicação da respectiva Norma internacional IEC 60079‑18.

As Normas Técnicas Brasileiras adotadas das Séries ABNT NBR IEC 60079 (Atmosferas explosivas) e ABNT NBR ISO 80079 (Equipamentos mecânicos “Ex”) elaboradas pelas Comissões de Estudo do Subcomitê SCB 003:031 e publicadas pela ABNT são idênticas, em termos de conteúdo técnico, estrutura e redação, sem desvios técnicos nacionais em relação às respectivas normas internacionais da IEC, de acordo com requisitos especificados na ABNT DIRETIVA 3 – Adoção de documentos técnicos internacionais.

Folha de rosto da DIRETIVA 3 da ABNT: Adoção de documentos técnicos internacionais, como por exemplo as normas técnicas internacionais elaboradas por consenso entre os países participantes da IEC e da ISO

Seguindo a tendência e a convergência normativa mundial dos países membros da IEC, incluindo o Brasil, as Normas Técnicas nacionais que envolvem os processos de avaliação da conformidade de empresas de prestação de serviços “Ex”, de competências pessoais “Ex” e de equipamentos elétricos e mecânicos “Ex” são Normas adotadas, idênticas às respectivas normas internacionais da IEC. Esta política de normalização tem por objetivo harmonizar as Normas Nacionais com a Normalização internacional, de forma a padronizar os procedimentos de projeto, fabricação, ensaios, marcação, avaliação da conformidade, instalação, inspeção, manutenção, reparos e recuperação de equipamentos e competências pessoais “Ex”.

Ações como estas contribuem para a integração dos fabricantes, laboratórios de ensaios, empresas usuárias, organismos de certificação de produtos e de pessoas e provedores de treinamentos brasileiros com o mercado e a comunidade internacional “Ex”, bem como para a elevação dos níveis de segurança, saúde, meio ambiente, avaliação de risco, ensaios, qualidade, desempenho, confiabilidade, procedimentos de execução de serviços e competências pessoais relacionados com as instalações nacionais “Ex”.

Considerações sobre equipamentos protegidos por encapsulamento – Ex “m”

  1. O tipo de proteção Ex “m” é internacionalmente aceito, existindo uma progressiva aceitação de certificados de conformidade com este tipo de proteção “Ex”, fazendo com que ele seja cada vez difundido e aplicado nos recentes projetos e empreendimento nas indústrias químicas, petroquímicas, petróleo & gás, siderúrgicas e portuárias, dentre outras
  2. Equipamentos protegidos por encapsulamento podem ser instalados em todos os locais com a presença de áreas classificadas, incluindo minas subterrâneas de carvão (Grupo I), indústrias de superfície com a presença de gases inflamáveis (Grupos IIA / IIB / IIC) ou instalações com a presença de poeiras combustíveis (Grupos IIIA / IIIB / IIIC), dependendo de suas características construtivas, as quais são consideradas e avaliadas durante os processos de certificação
  3. Equipamentos Ex “m” podem ser instalados em qualquer Zona incluindo Zona 0, Zona 1, Zona 2, Zona 20, Zona 21 ou Zona 22, de acordo com o nível de proteção (EPL) proporcionado (Ma, Mb, Ga, Gb, Gc, Da, Db, Dc), dependendo de suas características construtivas, as quais são consideradas e avaliadas durante os processos de certificação
  4. Em função dos benefícios de flexibilidade e de abrangência de instalação, o tipo de proteção por encapsulamento Ex “m” pode ser adotado como “padronização para diversos equipamentos de sistemas de instrumentação ou automação em áreas classificadas, independentemente das características do local da instalação
  5. Apesar dos elevados níveis de segurança proporcionados pelos equipamentos Ex “m”, de forma a assegurar que estes equipamentos “Ex” continuem apresentando os requisitos de proteção e segurança para os quais foram fabricados e certificados existe a necessidade de que haja um sistema de inspeções periódicas e de manutenção, ao longo do ciclo total de vida em que estes instrumentos, equipamentos, componentes ou dispositivos “Ex” permanecem instalados em áreas classificadas, aos longos dos anos ou décadas de operação das plantas industriais
  6. As atividades de inspeção e manutenção de equipamentos e instalações Ex “m” podem ser consideradas como uma das mais importantes ações no sentido de se atingir os níveis requeridos de segurança destas instalações “Ex”. Estas atividades podem ser consideradas como sendo o “coração” de todo um processo de gestão de ativos e de gestão de pessoas em instalações envolvendo atmosferas explosivas
  7. Cada vez mais se torna evidente que somente a existência de um programa de avaliação da conformidade para a certificação de equipamentos de instrumentação, automação, telecomunicações, elétricos ou mecânicos “Ex” é insuficiente para garantir os elevados níveis de segurança requeridos nestas instalações industriais com atmosferas explosivas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis
  8. Pode ser verificado que não é suficiente que os equipamentos Ex “m” protegidos por encapsulamento tenham devidamente fabricados, ensaiados em laboratório e certificados, se as pessoas não possuem os devidos treinamentos, conhecimentos, habilidades e qualificações para a execução das atividades de execução ou de supervisão de projeto, seleção, especificação técnica, instalação, montagem, inspeção ou manutenção destes equipamentos Ex “m”
  9. O tipo de proteção por encapsulamento proporciona um dos mais elevados níveis de segurança para instalações em áreas classificadas contendo atmosferas explosivas formadas por gases inflamáveis ou poeiras combustíveis. De forma consistente e defensável, o tipo de proteção Ex “m” pode ser considerado como sendo um dos mais seguros e o menos propensos a erros ou falhas humanas, quando comparado com os outros tipos de proteção “Ex”
  10. Todos os tipos de proteção “Ex” podem ser considerados “seguros, porém somente se os respectivos equipamentos de instrumentação, automação, telecomunicações, elétricos ou mecânicos “Ex” tiverem sido devidamente selecionados, instalados, inspecionados, mantidos ou reparados, ao longo do seu ciclo total de vida. Por estes motivos devem ser especificados equipamentos de instrumentação, automação, telecomunicações e elétricos “Ex” que proporcionem serviços de campo mais simples, sob o ponto de vista dos usuários e dos proprietários dos equipamentos “Ex”, os quais são os responsáveis pela segurança de suas instalações
  11. Para que os equipamentos protegidos por encapsulamento Ex “m” possam ser devidamente projetados, fabricados, especificados, instalados, inspecionados, mantidos e reparados, de acordo com as Normas Técnicas Brasileiras adotadas da Série ABNT NBR IEC 60079 –Parte 14, Parte 17, Parte 18 e Parte 19, existe a necessidade de que as pessoas envolvidas nestas atividades possuem as devidas competências para a realização das funções para as quais estas sejam responsáveis

Roberval Bulgarelli

Roberval Bulgarelli

Consultor Técnico sobre equipamentos e instalações em atmosferas explosivasMestrado em proteção de sistemas elétricos de potência (POLI/USP)
Membro de Comissões de Estudo do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas explosivas) da ABNT/CB-003 (Eletricidade)
Membro de Grupos de Trabalho do TC 31 (Atmosferas explosivas), TC 95 (Relés de proteção) e do IECEx (Sistemas internacionais de certificação “Ex”) da IEC
Organizador do Livro “O ciclo total de vida das instalações em atmosferas explosivas

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